Trio Boreal - Fonoteca Municipal do Porto

Fonoteca Municipal do PortoFMP

Trio Boreal

 Ana Lopes

Resenha

28 Março 2024

Este é o primeiro trabalho discográfico do grupo portuense Trio Boreal. Na capa, da esquerda para a direita, vemos Gaspar Castelo Branco, Luísa Salgado e Amândio Pires, aquela que é apontada como uma das primeiras formações. Trata-se de uma imagem com cunho de Fernando Aroso, conceituado fotógrafo da cidade do Porto, autor de milhares de capas de discos para diversas editoras. Com a etiqueta da Rapsódia, o EP é composto por um vira, um bolero, um fox e uma valsa, destapando o véu de alguns ritmos apresentados pelo grupo ao longo da sua atividade. Para além de Tudo confesso, encontra-se no lado A da microgravação, um dos grandes êxitos do trio - Lendas do Rio Douro, composto por J. M. Magalhães (música) e Gaspar Castelo Branco (letra). Com um forte cariz regional e uma melodia que fica na memória auditiva, esta canção ainda hoje é divulgada por conjuntos típicos e tunas. O lado B ficou reservado a dois hits dos anos 50: Pancho Lopez, uma paródia musical eternizada por Lalo Guerrero e Cabecinha no ombro, grande clássico da música brasileira, da autoria de Paulo Borges.

O Trio Boreal surgiu numa época marcada pela popularidade, um pouco por todo o mundo, de agrupamentos musicais cujo estilo assentava na exploração de melodias e polifonias vocais. O conjunto nortenho possuía um repertório diversificado, onde eram patentes o estilo ligeiro, assim como a canção de cariz romântico. Em entrevista à revista Rádio e Televisão (12/07/1969), o grupo referiu: “cantamos de tudo, desde fado a música latino-americana, canções folclóricas, música brasileira, etc”. De realçar que o Trio Boreal, assim como outros conjuntos do género, foram um excelente meio de divulgação da música folclórica e popular, concedendo uma interpretação diferente da habitual e impondo um estilo muito próprio.

Gaspar Castelo Branco, fundador e principal dinamizador, era também compositor e letrista, sendo da sua responsabilidade a maioria dos originais, assim como os arranjos dos êxitos nacionais e internacionais que o conjunto apresentava. Inspirado desde muito jovem pelo mestre do cavaquinho brasileiro Waldir Azevedo, Castelo Branco procurou introduzir essa sonoridade no grupo.

Presença assídua na rádio e televisão nacional, o Trio Boreal correu Portugal de norte a sul, sem exceção das ilhas. Ao longo dos mais de 30 anos de atividade, participaram em inúmeros espetáculos de variedades e apresentaram-se em casinos, restaurantes, boîtes, festivais, entre outros. No estrangeiro, atuaram em diversos países europeus e fizeram longas digressões na América, destacando-se as temporadas no Brasil e no Canadá, onde estiveram em espetáculos ao vivo e em programas de televisão.

Natércia Maria, José Vilela, Fernando Araújo e Irene Eugénia foram alguns dos integrantes do grupo. Apesar dos elementos terem sido inconstantes (à exceção de Castelo Branco), o Trio Boreal usufruiu de uma carreira estável e uma assinalável popularidade, editando diversos discos e algumas cassetes.

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