27 Outubro 2023
Simone de Oliveira
Um dilema é uma proposição ambígua sobre a qual nunca se conhece uma certeza e a carreira de Simone de Oliveira levanta uma dessas ambiguidades em que não há uma conclusão precisa. Afinal, não conseguimos decifrar o que terá marcado mais o quê, se a história do Festival da Canção a vida e a carreira de Simone, ou vice-versa. Mas uma conclusão é incontornável: a história do Festival da Canção cruza-se com a história da sua vida, e Simone de Oliveira foi e é uma cantora muito reconhecida do público português. Entre outros prémios, venceu o Festival da Canção, em 1965, com Sol de Inverno e, em 1969, com Desfolhada.
A carreira de Simone teve muitas alegrias, mas também foi sofrida. Começou a vida de artista aos 19 anos, após uma depressão; e, em 1969, já vencedora de prémios e no auge da sua carreira, perdeu a voz. Como será lidar com isso? Uma cantora, no auge da sua carreira, perder a sua voz… avassalador, com certeza. Mas não desistiu. Rodeada de artistas amigos, regressou. Em 1974, no ano mais movimentado da história recente de Portugal, lançou o disco Nunca Mais a Solidão pela editora Decca.
Nele, encontramos figuras grandes da música e da poesia portuguesas. O disco contém composições de Pedro Osório, José Cid, Paco Bandeira, Pedro Jordão, Joan Manuel Serrat e letras de Alexandre O’Neil, Lima Brummon, David Mourão-Ferreira, Gonçalves Preto e Sequeira Afonso. À época e a nível musical, a participação de um nome como Pedro Osório já era sinónimo de arranjos brilhantes e da presença imprescindível de uma orquestra.
Simone apresenta uma voz mais madura, mais quente, mais real e vinda de algum lugar do seu interior que experienciou muito e onde a fonética e sonoridade de cada palavra cantada sabe o seu verdadeiro significado. O disco inicia-se com a música que lhe dá nome, a anunciar que há um passado que fica para trás – uma canção de alento que perspetiva a tónica da mensagem que atravessa todo o disco.
Com fortes marcas do contexto musical que se vivia na altura, em Nunca Mais A Solidão encontram-se influencias da canção francesa, como em Canção Cansada, do fado (com algumas nuances de tango) em Camarada, de pop rock em Nunca é tarde para voltar atrás e até de jazz em Canção Solidão. Acima de tudo, destacam-se as composições de Pedro Osório, a revelar o seu estilo, numa espécie de epopeia musical em forma de canções emotivas e corajosas, na presença continua da intervenção e resposta da orquestra, sob a voz sentida de Simone de Oliveira. Essa ideia é demonstrada com a presença de solos de alguns instrumentistas, de momentos com as cordas a assumir o papel de back vocals ou pelas mudanças de tom perto do final a enriquecer musicalmente a ideia heroica da canção.
A conhecida canção do músico belga Jacques Brel, Ne me Quitte Pas, é presenteada a meio do disco numa nova versão intitulada Não me Vais Deixar, com a letra adaptada por David Mourão-Ferreira.
É um disco musicalmente datado, no bom sentido, muito marcado pelo momento em que foi composto e, acima de tudo, muito ousado na sua voz. As suas letras trazem uma mensagem de esperança, de renascimento, de coragem.
A carreira de Simone teve muitas alegrias, mas também foi sofrida. Começou a vida de artista aos 19 anos, após uma depressão; e, em 1969, já vencedora de prémios e no auge da sua carreira, perdeu a voz. Como será lidar com isso? Uma cantora, no auge da sua carreira, perder a sua voz… avassalador, com certeza. Mas não desistiu. Rodeada de artistas amigos, regressou. Em 1974, no ano mais movimentado da história recente de Portugal, lançou o disco Nunca Mais a Solidão pela editora Decca.
Nele, encontramos figuras grandes da música e da poesia portuguesas. O disco contém composições de Pedro Osório, José Cid, Paco Bandeira, Pedro Jordão, Joan Manuel Serrat e letras de Alexandre O’Neil, Lima Brummon, David Mourão-Ferreira, Gonçalves Preto e Sequeira Afonso. À época e a nível musical, a participação de um nome como Pedro Osório já era sinónimo de arranjos brilhantes e da presença imprescindível de uma orquestra.
Simone apresenta uma voz mais madura, mais quente, mais real e vinda de algum lugar do seu interior que experienciou muito e onde a fonética e sonoridade de cada palavra cantada sabe o seu verdadeiro significado. O disco inicia-se com a música que lhe dá nome, a anunciar que há um passado que fica para trás – uma canção de alento que perspetiva a tónica da mensagem que atravessa todo o disco.
Com fortes marcas do contexto musical que se vivia na altura, em Nunca Mais A Solidão encontram-se influencias da canção francesa, como em Canção Cansada, do fado (com algumas nuances de tango) em Camarada, de pop rock em Nunca é tarde para voltar atrás e até de jazz em Canção Solidão. Acima de tudo, destacam-se as composições de Pedro Osório, a revelar o seu estilo, numa espécie de epopeia musical em forma de canções emotivas e corajosas, na presença continua da intervenção e resposta da orquestra, sob a voz sentida de Simone de Oliveira. Essa ideia é demonstrada com a presença de solos de alguns instrumentistas, de momentos com as cordas a assumir o papel de back vocals ou pelas mudanças de tom perto do final a enriquecer musicalmente a ideia heroica da canção.
A conhecida canção do músico belga Jacques Brel, Ne me Quitte Pas, é presenteada a meio do disco numa nova versão intitulada Não me Vais Deixar, com a letra adaptada por David Mourão-Ferreira.
É um disco musicalmente datado, no bom sentido, muito marcado pelo momento em que foi composto e, acima de tudo, muito ousado na sua voz. As suas letras trazem uma mensagem de esperança, de renascimento, de coragem.