03 Dezembro 2021
Maria João Pires, Orquestra da Fundação Calouste Gulbenkian e Theodor Guschlbauer
Nenhum outro compositor de primeiro plano deixou uma produção tão rica de concertos para piano como Wolfgang Amadeus Mozart: são 27 e permitem seguir a evolução do compositor entre 1767, quando tinha 11 anos, e o início de 1791, quando tinha 35 anos e lhe restavam poucos meses de vida. Os primeiros quatro concertos nem sequer terão sido destinados ao piano (que ainda não se impusera) mas ao cravo e consistiam na colagem de arranjos de andamentos de obras de compositores seus contemporâneos, pelo que o n.º 5 K.175, de 1773, é considerado o primeiro concerto “a sério” de Mozart, representando um apreciável salto qualitativo em relação aos precedentes.
Melhor estava ainda para vir, sobretudo a partir de 1781, quando Mozart deixou o serviço do intratável príncipe-arcebispo de Salzburg e se instalou em Viena como freelancer (um passo arriscado numa época em que era usual os compositores terem um “patrão”). Uma das suas fontes de rendimento passaram a ser os concertos por subscrição, em que Mozart dirigia, a partir do piano, as suas próprias obras e em que os concertos para piano eram a atração principal. O acolhimento favorável que os vienenses dispensaram aos concertos n.º 11 a 13, estreados em 1782-83, parece ter espicaçado a criatividade de Mozart, que, entre fevereiro de 1784 e março de 1786, produziu uma fiada de 11 obras-primas para piano e orquestra (Concertos n.º 14-25). O Concerto n.º 21 K.467 foi terminado em março de 1785, menos de um mês após a conclusão do n.º 20 K.466, mas as duas obras têm natureza bem diversa, sendo o n.º 20 sombrio e o n.º 21 luminoso – os I e III andamentos, particularmente vivos e exuberantes, enquadram um Andante sereno e deslizante, que se tornou no trecho mais famoso de todos os concertos para piano de Mozart.
Maria João Pires ainda não atingira os 30 anos e era ainda relativamente desconhecida quando, em 1972-74, gravou para a Erato sete destes concertos (incluindo o n.º 21) com a Orquestra Gulbenkian (então denominada Orquestra de Câmara da Fundação Gulbenkian), dirigida pelo maestro vienense Theodor Guschlbauer. Estas gravações projetaram Pires para a primeira linha do pianismo mozartiano, o que seria confirmado pela gravação (também para a Erato) de mais quatro concertos em 1976-77, com a Orquestra de Câmara de Lausanne e Armin Jordan. A reputação mozartiana de Pires continuaria a ser dilatada pela gravação da integral das sonatas para piano, desta feita para a Deutsche Grammophon, editora na qual também voltaria aos concertos “canónicos” de Mozart, sob a batuta de Claudio Abbado, mas foram os discos gerados pelas sessões de 1972-74, no Teatro Nacional de São Carlos, que marcaram o início do seu reconhecimento internacional.
Melhor estava ainda para vir, sobretudo a partir de 1781, quando Mozart deixou o serviço do intratável príncipe-arcebispo de Salzburg e se instalou em Viena como freelancer (um passo arriscado numa época em que era usual os compositores terem um “patrão”). Uma das suas fontes de rendimento passaram a ser os concertos por subscrição, em que Mozart dirigia, a partir do piano, as suas próprias obras e em que os concertos para piano eram a atração principal. O acolhimento favorável que os vienenses dispensaram aos concertos n.º 11 a 13, estreados em 1782-83, parece ter espicaçado a criatividade de Mozart, que, entre fevereiro de 1784 e março de 1786, produziu uma fiada de 11 obras-primas para piano e orquestra (Concertos n.º 14-25). O Concerto n.º 21 K.467 foi terminado em março de 1785, menos de um mês após a conclusão do n.º 20 K.466, mas as duas obras têm natureza bem diversa, sendo o n.º 20 sombrio e o n.º 21 luminoso – os I e III andamentos, particularmente vivos e exuberantes, enquadram um Andante sereno e deslizante, que se tornou no trecho mais famoso de todos os concertos para piano de Mozart.
Maria João Pires ainda não atingira os 30 anos e era ainda relativamente desconhecida quando, em 1972-74, gravou para a Erato sete destes concertos (incluindo o n.º 21) com a Orquestra Gulbenkian (então denominada Orquestra de Câmara da Fundação Gulbenkian), dirigida pelo maestro vienense Theodor Guschlbauer. Estas gravações projetaram Pires para a primeira linha do pianismo mozartiano, o que seria confirmado pela gravação (também para a Erato) de mais quatro concertos em 1976-77, com a Orquestra de Câmara de Lausanne e Armin Jordan. A reputação mozartiana de Pires continuaria a ser dilatada pela gravação da integral das sonatas para piano, desta feita para a Deutsche Grammophon, editora na qual também voltaria aos concertos “canónicos” de Mozart, sob a batuta de Claudio Abbado, mas foram os discos gerados pelas sessões de 1972-74, no Teatro Nacional de São Carlos, que marcaram o início do seu reconhecimento internacional.