17 Abril 2025
Quando Helena Maria de Águas subiu ao palco pela primeira vez, não pretendia ser cantora nem famosa. A história, contudo, pregou-lhe uma partida. Estava predestinada aos caminhos da fama, às tréguas desse alçapão, a reescrever a história da música portuguesa com a ajuda da sua voz cristalina e jovial, sempre jovial mesmo após 50 anos de canções e vivências. Assim se fez a menina que se tornou mulher e ídola para múltiplas gerações, assim se escreveu as páginas da história de Lena d’Água, uma das vozes mais reconhecíveis da pop rock portuguesa.
Após a sua passagem pelo Beatniks, esteve envolvida no mundo da publicidade – onde conheceu futuros parceiros musicais como o José da Ponte e o Luís Pedro Fonseca – e fez coros para bandas como Petrus Castrus ou artistas como Marco Paulo. Que aprendizagens desse mundo transitaram para o seu percurso enquanto Lena d’Água?
Foi importantíssimo. Tive de aprender a cantar em estúdio, com outras pessoas e a projetar a voz, tanto para os coros como para a publicidade. Em ambos os universos, é importante que soe tudo como uma voz. Sobretudo na publicidade, é importante aprender a articular cada sílaba com outras pessoas. O produto tem de chegar da forma mais percetível possível ao cliente.
Gostava que existisse um arquivo com todos os jingles gravados durante esse período?
Gostaria imenso! Aquilo foram músicas inventadas por músicos portugueses. No meu caso, conheci vários músicos incríveis através da publicidade, como o Shegundo Galarza e o Thilo Krasmann, que eram mais velhos, e o Zé da Ponte e o Luís Pedro, que eram uma dupla imbatível e super criativa, mais próximos da minha idade. Infelizmente, são raros os jingles que estão disponíveis para se ouvir. Gravamos tantos! Mas muitas das pessoas desse tempo já morreram. Músicos e pessoas das agências publicitárias. Nessa altura, também não havia o gosto de se guardar para o futuro como agora. Sempre tive bastante gosto em fazer isso. Gosto imenso de fazer esse trabalho. Durante os anos em que estive menos ativa, tive imenso tempo para digitalizar um monte de coisas que tinha aqui em casa, de cassetes a fotografias.
É impressionante que tenha decidido organizar sozinha o seu próprio arquivo online.
Foi numa altura em que não tinha originais há que tempos e ficava mesmo chateada. Nem os meus discos estavam à venda porque estavam esgotados. Em 2006, uma das primeiras coisas que fiz quando criei o blogue lenadagua foi escrever que aquilo era para “memória futura”. Lembro-me de estar a pensar que se eu morresse, passava a ser a Lenda D’Água, porque não iam existir muitas provas da minha existência! Por causa disso, comecei a digitalizar tudo e mais alguma coisa. O trabalho de arquivo já está quase todo feito e não tenho mais com que me entreter. Ainda tenho uma caixa grande com cortes para digitalizar, mas isso vai dar uma trabalheira porque está tudo misturado e tenho de descobrir o que pertence a cada década.
Antes de fazer a Salada de Frutas com o Zé da Ponte e com o Luís Pedro Fonseca, cantou brevemente com eles na banda Diadágua. Qual é a sua voz que se escuta no single Moinho de Café?
Não é a minha. Eu não gravei com Diadágua. Diadágua era a Formiga, que era a mulher do Luís Pedro, o próprio Luís Pedro, o Zé da Ponte, a Joana Mendes, e mais dois ou três músicos. Contudo, o que aconteceu? O Teatro Experimental de Cascais e o Carlos Avilez convidaram o Luís Pedro para fazer música para uma peça que ia estar em cena todas as noites ao longo de quase dois meses. Como a Joana ia fazer uns exames importantes, não iria conseguir cantar todos os dias e disse ao Luís que não ia poder dar voz às canções. Então, o Luís convidou-me para cantar em vez dela. Essas canções foram a banda Diadágua comigo a cantar, mas nunca gravei um disco com eles. A gravação dessa peça também não existe, o que é uma pena. O valor daquilo era incalculável. Mas foi durante a encenação dessa peça que surgiu o nome Lena d’Água. Um ator perguntou-me se o meu nome era Lena D’água porque misturou o meu nome, Lena Águas, com o nome da banda Diádagua. Respondi que não, mas que podia ser. Alguns meses mais tarde, no início de 1979, fui tocar com os músicos de Diadágua a uma boate no Algarve. Quando tive de tratar da carteira profissional, preenchi-a com o nome artístico de Lena d’Água porque me lembrei dessa interação. Quando chegou a altura de lançar o meu primeiro single, que se chamava O nosso livro, e de se meter o nome na capa, escreveu-se Lena d’Água. E assim ficou – para sempre.
Durante os anos 80, gravou dois discos – Perto de Ti (1982) e Lusitânia (1984) – com a Banda Atlântida. Esses dois discos e o primeiro sem essa banda, o Terra Prometida (1986), nasceram da sua parceria com o Luís Pedro Fonseca, que saiu consigo da Salada de Frutas após o Avante de 1981. Contudo, após o Luís Pedro Fonseca ter ido em digressão com o Rão Kyao em 1986, precisou de novos compositores e os dois álbuns que publicou no final da década de 80, o Aguaceiro (1987) e o Tu Aqui (1989), contaram com as suas primeiras canções que não foram escritas nem compostas pelo Luís Pedro Fonseca. A abordagem a esses dois discos difere da abordagem dos anteriores?
Para o Aguaceiro, mudou completamente. Estive presente desde o início do processo, desde que se começou a ensaiar as canções em estúdio. O António Emiliano ensaiou na casa dele comigo e fez esboços dos arranjos antes de irmos para estúdio. No estúdio, enquanto eles experimentavam coisas com os instrumentos, eu cantava. As canções ganharam corpo comigo já integrada. Isto é muito importante para deixar as canções respirarem. Nos anos 80, nos outros álbuns, não foi assim. Demorava imenso até que eu pusesse a minha voz por cima de um instrumental. Quando chegava essa altura, já a canção estava cheia de ferrinhos, pandeiretas, metais, não sei quantos teclados. O Luís Pedro, quando fazia canções, já lhe aparecia tudo junto. Ele já sabia mais ou menos como ia soar. No caso do Aguaceiro, e isto também se aplica ao Desalmadamente e ao Tropical Glaciar, estive presente no processo desde o momento em que se gravaram as bases das canções. Isso faz uma diferença gigante porque faço parte das canções desde o seu início.
É pela altura em que está a gravar o Aguaceiro que o Dr. Jaime Ribeiro, o irmão do António Variações, lhe entrega as míticas cassetes do António?
Se o Aguaceiro sai em 1987, deve ter sido no princípio de 1988 que o Jaime veio ter comigo. Ele fez um agradecimento em nome da família porque tinham ficado muito comovidos com a versão que fiz da Estou Além, que nem tinha sido minha ideia. Eu queria fazer inicialmente a Anjinho da Guarda, mas o António Emiliano achou que tínhamos mais hipóteses de fazer algo diferente do original com a Estou Além. As pessoas ficaram muito emocionadas com essa versão, que gravamos em 1987. Depois do Jaime me entregar as cassetes, estive para aí um ano com elas. Fiz uma pré-produção das canções que eventualmente gravei do António com a ajuda do Luís Pedro num estúdio que ele tinha na Graça. Lembro-me de anotar os tempos dessas cassetes porque eu não pretendia nem cantar mais rápido nem mais lento que o António. Queria ser fiel ao que se ouvia nas cassetes e ajudava que o António cantava numa tonalidade igual à minha. Infelizmente, não tenho as gravações dessa produção, que era eu a cantar apenas acompanhada por um metrónomo. Mas eu não gostei muito de gravar o disco onde aparecem essas canções, o Tu Aqui. Queria fazer o disco com o António Emiliano, mas a editora disse que era muito caro porque ele não tinha estúdio próprio. A alternativa que sugeriram foi gravar o álbum com os meus ex-colegas da Salada de Frutas porque eles tinham estúdio e ficava mais barato e não tive coragem de dizer não. Fiquei com pena. Não é que não goste do disco, mas sinto que ficou muito plástico. E quando lancei esse disco, ninguém quis saber. Quinze anos depois, apareceram os Humanos e o disco deles foi não sei quantas platinas. Fiquei algo ciumenta, mas é normal! Fui completamente ignorada com o Tu Aqui.
Já falou em muitas entrevistas como, apesar de ter sempre o público do seu lado, a crítica precisou de 30 anos para se reencontrar com a obra da Lena D’água após lançar o Desalmadamente, considerado um dos melhores discos de 2019 por várias publicações. Além disso, esse disco ainda venceu o Prémio José Afonso.
Na Prova Oral com o Fernando Alvim, descobri que a primeira vez que a Amália Rodrigues fez o Coliseu de Lisboa, a nome próprio, tinha 64 anos. A Amália! Já depois de não sei quantas voltas ao mundo. E eu ainda vou bater esse recorde. Em 2026, fará em março 50 anos que subi a um palco pela primeira vez para cantar com os Beatniks. Além disso, farei, se Deus quiser, os meus 70 anos, e gostava imenso de fazer um Coliseu. Parece que é uma coisa do outro mundo, mas o Coliseu leva cerca de 3000 pessoas, acho eu? É difícil, mas hei de conseguir.
Com tantas histórias para contar, para quando a biografia ou a autobiografia da Lena d’Água?
Penso nisso quase todos os dias. Para mim, seria mais fácil fazer com alguém, mas essa pessoa não pode escrever por mim. Tem de ficar escrito com a minha linguagem. Também já pensei na hipótese de fazer um audiobook ou de fazer um audiobook com uma fotobiografia a acompanhar. Mas não tem de ser já a minha história de vida toda. Quando me sento para escrever, surge-me uma questão: por onde começo? A sério, é muito difícil. Rio-me imenso, mas há tanta tragédia na minha vida! Se a biografia surgir, não pode contar só as coisas boas da fama. Tem de falar das tragédias também. Também sou obcecada com datas e preciso de alguém que me ajude com isso, a confirmá-las. Mas já está mais próximo esse livro de acontecer. A minha história vai demorar tempo a ser contada, mas ainda conto ter mais histórias para viver e contar com os anos que me restam!
Foi importantíssimo. Tive de aprender a cantar em estúdio, com outras pessoas e a projetar a voz, tanto para os coros como para a publicidade. Em ambos os universos, é importante que soe tudo como uma voz. Sobretudo na publicidade, é importante aprender a articular cada sílaba com outras pessoas. O produto tem de chegar da forma mais percetível possível ao cliente.
Gostava que existisse um arquivo com todos os jingles gravados durante esse período?
Gostaria imenso! Aquilo foram músicas inventadas por músicos portugueses. No meu caso, conheci vários músicos incríveis através da publicidade, como o Shegundo Galarza e o Thilo Krasmann, que eram mais velhos, e o Zé da Ponte e o Luís Pedro, que eram uma dupla imbatível e super criativa, mais próximos da minha idade. Infelizmente, são raros os jingles que estão disponíveis para se ouvir. Gravamos tantos! Mas muitas das pessoas desse tempo já morreram. Músicos e pessoas das agências publicitárias. Nessa altura, também não havia o gosto de se guardar para o futuro como agora. Sempre tive bastante gosto em fazer isso. Gosto imenso de fazer esse trabalho. Durante os anos em que estive menos ativa, tive imenso tempo para digitalizar um monte de coisas que tinha aqui em casa, de cassetes a fotografias.
É impressionante que tenha decidido organizar sozinha o seu próprio arquivo online.
Foi numa altura em que não tinha originais há que tempos e ficava mesmo chateada. Nem os meus discos estavam à venda porque estavam esgotados. Em 2006, uma das primeiras coisas que fiz quando criei o blogue lenadagua foi escrever que aquilo era para “memória futura”. Lembro-me de estar a pensar que se eu morresse, passava a ser a Lenda D’Água, porque não iam existir muitas provas da minha existência! Por causa disso, comecei a digitalizar tudo e mais alguma coisa. O trabalho de arquivo já está quase todo feito e não tenho mais com que me entreter. Ainda tenho uma caixa grande com cortes para digitalizar, mas isso vai dar uma trabalheira porque está tudo misturado e tenho de descobrir o que pertence a cada década.
Antes de fazer a Salada de Frutas com o Zé da Ponte e com o Luís Pedro Fonseca, cantou brevemente com eles na banda Diadágua. Qual é a sua voz que se escuta no single Moinho de Café?
Não é a minha. Eu não gravei com Diadágua. Diadágua era a Formiga, que era a mulher do Luís Pedro, o próprio Luís Pedro, o Zé da Ponte, a Joana Mendes, e mais dois ou três músicos. Contudo, o que aconteceu? O Teatro Experimental de Cascais e o Carlos Avilez convidaram o Luís Pedro para fazer música para uma peça que ia estar em cena todas as noites ao longo de quase dois meses. Como a Joana ia fazer uns exames importantes, não iria conseguir cantar todos os dias e disse ao Luís que não ia poder dar voz às canções. Então, o Luís convidou-me para cantar em vez dela. Essas canções foram a banda Diadágua comigo a cantar, mas nunca gravei um disco com eles. A gravação dessa peça também não existe, o que é uma pena. O valor daquilo era incalculável. Mas foi durante a encenação dessa peça que surgiu o nome Lena d’Água. Um ator perguntou-me se o meu nome era Lena D’água porque misturou o meu nome, Lena Águas, com o nome da banda Diádagua. Respondi que não, mas que podia ser. Alguns meses mais tarde, no início de 1979, fui tocar com os músicos de Diadágua a uma boate no Algarve. Quando tive de tratar da carteira profissional, preenchi-a com o nome artístico de Lena d’Água porque me lembrei dessa interação. Quando chegou a altura de lançar o meu primeiro single, que se chamava O nosso livro, e de se meter o nome na capa, escreveu-se Lena d’Água. E assim ficou – para sempre.
Durante os anos 80, gravou dois discos – Perto de Ti (1982) e Lusitânia (1984) – com a Banda Atlântida. Esses dois discos e o primeiro sem essa banda, o Terra Prometida (1986), nasceram da sua parceria com o Luís Pedro Fonseca, que saiu consigo da Salada de Frutas após o Avante de 1981. Contudo, após o Luís Pedro Fonseca ter ido em digressão com o Rão Kyao em 1986, precisou de novos compositores e os dois álbuns que publicou no final da década de 80, o Aguaceiro (1987) e o Tu Aqui (1989), contaram com as suas primeiras canções que não foram escritas nem compostas pelo Luís Pedro Fonseca. A abordagem a esses dois discos difere da abordagem dos anteriores?
Para o Aguaceiro, mudou completamente. Estive presente desde o início do processo, desde que se começou a ensaiar as canções em estúdio. O António Emiliano ensaiou na casa dele comigo e fez esboços dos arranjos antes de irmos para estúdio. No estúdio, enquanto eles experimentavam coisas com os instrumentos, eu cantava. As canções ganharam corpo comigo já integrada. Isto é muito importante para deixar as canções respirarem. Nos anos 80, nos outros álbuns, não foi assim. Demorava imenso até que eu pusesse a minha voz por cima de um instrumental. Quando chegava essa altura, já a canção estava cheia de ferrinhos, pandeiretas, metais, não sei quantos teclados. O Luís Pedro, quando fazia canções, já lhe aparecia tudo junto. Ele já sabia mais ou menos como ia soar. No caso do Aguaceiro, e isto também se aplica ao Desalmadamente e ao Tropical Glaciar, estive presente no processo desde o momento em que se gravaram as bases das canções. Isso faz uma diferença gigante porque faço parte das canções desde o seu início.
É pela altura em que está a gravar o Aguaceiro que o Dr. Jaime Ribeiro, o irmão do António Variações, lhe entrega as míticas cassetes do António?
Se o Aguaceiro sai em 1987, deve ter sido no princípio de 1988 que o Jaime veio ter comigo. Ele fez um agradecimento em nome da família porque tinham ficado muito comovidos com a versão que fiz da Estou Além, que nem tinha sido minha ideia. Eu queria fazer inicialmente a Anjinho da Guarda, mas o António Emiliano achou que tínhamos mais hipóteses de fazer algo diferente do original com a Estou Além. As pessoas ficaram muito emocionadas com essa versão, que gravamos em 1987. Depois do Jaime me entregar as cassetes, estive para aí um ano com elas. Fiz uma pré-produção das canções que eventualmente gravei do António com a ajuda do Luís Pedro num estúdio que ele tinha na Graça. Lembro-me de anotar os tempos dessas cassetes porque eu não pretendia nem cantar mais rápido nem mais lento que o António. Queria ser fiel ao que se ouvia nas cassetes e ajudava que o António cantava numa tonalidade igual à minha. Infelizmente, não tenho as gravações dessa produção, que era eu a cantar apenas acompanhada por um metrónomo. Mas eu não gostei muito de gravar o disco onde aparecem essas canções, o Tu Aqui. Queria fazer o disco com o António Emiliano, mas a editora disse que era muito caro porque ele não tinha estúdio próprio. A alternativa que sugeriram foi gravar o álbum com os meus ex-colegas da Salada de Frutas porque eles tinham estúdio e ficava mais barato e não tive coragem de dizer não. Fiquei com pena. Não é que não goste do disco, mas sinto que ficou muito plástico. E quando lancei esse disco, ninguém quis saber. Quinze anos depois, apareceram os Humanos e o disco deles foi não sei quantas platinas. Fiquei algo ciumenta, mas é normal! Fui completamente ignorada com o Tu Aqui.
Já falou em muitas entrevistas como, apesar de ter sempre o público do seu lado, a crítica precisou de 30 anos para se reencontrar com a obra da Lena D’água após lançar o Desalmadamente, considerado um dos melhores discos de 2019 por várias publicações. Além disso, esse disco ainda venceu o Prémio José Afonso.
Na Prova Oral com o Fernando Alvim, descobri que a primeira vez que a Amália Rodrigues fez o Coliseu de Lisboa, a nome próprio, tinha 64 anos. A Amália! Já depois de não sei quantas voltas ao mundo. E eu ainda vou bater esse recorde. Em 2026, fará em março 50 anos que subi a um palco pela primeira vez para cantar com os Beatniks. Além disso, farei, se Deus quiser, os meus 70 anos, e gostava imenso de fazer um Coliseu. Parece que é uma coisa do outro mundo, mas o Coliseu leva cerca de 3000 pessoas, acho eu? É difícil, mas hei de conseguir.
Com tantas histórias para contar, para quando a biografia ou a autobiografia da Lena d’Água?
Penso nisso quase todos os dias. Para mim, seria mais fácil fazer com alguém, mas essa pessoa não pode escrever por mim. Tem de ficar escrito com a minha linguagem. Também já pensei na hipótese de fazer um audiobook ou de fazer um audiobook com uma fotobiografia a acompanhar. Mas não tem de ser já a minha história de vida toda. Quando me sento para escrever, surge-me uma questão: por onde começo? A sério, é muito difícil. Rio-me imenso, mas há tanta tragédia na minha vida! Se a biografia surgir, não pode contar só as coisas boas da fama. Tem de falar das tragédias também. Também sou obcecada com datas e preciso de alguém que me ajude com isso, a confirmá-las. Mas já está mais próximo esse livro de acontecer. A minha história vai demorar tempo a ser contada, mas ainda conto ter mais histórias para viver e contar com os anos que me restam!