16 Janeiro 2025
Beatriz da Conceição (1939-2015), nascida no Porto, descobriu o fado através da rádio, tendo Lucília do Carmo como uma das suas grandes referências. Com cerca de 20 anos, uma visita a Lisboa selou o seu destino, onde o acaso a levou a cantar na casa de fados de Márcia Condessa. A sua interpretação foi tão impactante que, logo após, foi convidada a integrar o elenco. Deixou tudo para trás e fixou-se na capital, dando início a uma carreira que a consagraria como uma das figuras mais proeminentes da história do fado, com uma passagem relevante também pelo teatro de revista.
Em meados da década de 60, gravou o seu primeiro trabalho discográfico, Fui por Alfama, com a etiqueta da americana RCA Victor, distribuída em Portugal pela Telectra. Entre os quatro fados incluídos neste EP, destaca-se Eu sou o fado, com letra de Lopes Victor e música de Francisco Carvalhinho, que reflete a ligação visceral da artista ao género. É também digno de nota o texto na contracapa do disco, onde se elogia Beatriz como uma lufada de ar fresco no círculo fadista, ressalvando a sua versatilidade, assim como as interpretações profundas e dramáticas.
Ao longo da sua trajetória, Beatriz da Conceição construiu um repertório distinto, firmando uma identidade muito própria. Dotada de uma voz poderosa e um timbre inconfundível, soube preservar a essência do fado enquanto o reinterpretava de forma sui generis. As adversidades enfrentadas desde jovem, como o adultério do pai, a perda precoce da mãe, uma gravidez não planeada, amores e desamores, moldaram-na profundamente, refletindo-se certamente na intensidade emocional das suas interpretações, onde a força e resiliência eram evidentes.
Apesar de ter construído a sua carreira em Lisboa, Beatriz da Conceição nunca abandonou a essência portuense, regressando ocasionalmente à cidade natal para atuar em casas de fado. A comunicação espontânea e frontal, marcada pelo uso frequente de calão e palavrões, aliada à interpretação única, conferiu-lhe uma originalidade notável que a destacou na cena artística nacional. Não será exagero afirmar que a “Dona Bia” (como era carinhosamente chamada no meio) será sempre reconhecida como a cidade do Porto: irreverente, autêntica, intensa e invicta.
Em meados da década de 60, gravou o seu primeiro trabalho discográfico, Fui por Alfama, com a etiqueta da americana RCA Victor, distribuída em Portugal pela Telectra. Entre os quatro fados incluídos neste EP, destaca-se Eu sou o fado, com letra de Lopes Victor e música de Francisco Carvalhinho, que reflete a ligação visceral da artista ao género. É também digno de nota o texto na contracapa do disco, onde se elogia Beatriz como uma lufada de ar fresco no círculo fadista, ressalvando a sua versatilidade, assim como as interpretações profundas e dramáticas.
Ao longo da sua trajetória, Beatriz da Conceição construiu um repertório distinto, firmando uma identidade muito própria. Dotada de uma voz poderosa e um timbre inconfundível, soube preservar a essência do fado enquanto o reinterpretava de forma sui generis. As adversidades enfrentadas desde jovem, como o adultério do pai, a perda precoce da mãe, uma gravidez não planeada, amores e desamores, moldaram-na profundamente, refletindo-se certamente na intensidade emocional das suas interpretações, onde a força e resiliência eram evidentes.
Apesar de ter construído a sua carreira em Lisboa, Beatriz da Conceição nunca abandonou a essência portuense, regressando ocasionalmente à cidade natal para atuar em casas de fado. A comunicação espontânea e frontal, marcada pelo uso frequente de calão e palavrões, aliada à interpretação única, conferiu-lhe uma originalidade notável que a destacou na cena artística nacional. Não será exagero afirmar que a “Dona Bia” (como era carinhosamente chamada no meio) será sempre reconhecida como a cidade do Porto: irreverente, autêntica, intensa e invicta.